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A Serious Man – Um Homem Sério


Os irmãos Ethan e Joel Coen são mestres na missão de contar histórias. Quanto mais inusitadas, curiosas, melhor. O último filme lançado nos cinemas da dupla, A Serious Man, trata do “sentido da vida”, que é uma obsessão para muitas pessoas, de forma irônica e inteligente. O alvo deles é uma comunidade de judeus, mas a reflexão sobre a capacidade da religião em “confortar” ou trazer “respostas” para as pessoas poderia focar qualquer outro credo. Um filme muito interessante e que deve criar polêmica entre muita gente. Mas que sem dúvida merece estar na lista dos 10 indicados para Melhor Filme no Oscar deste ano.

A HISTÓRIA: Um homem chamado Level (Allen Lewis Rickman) chega em casa no meio de uma tempestade de neve e, mesmo tendo tido a carroça quebrada no caminho, se sente feliz. Ele conta para a esposa, Dora (Yelena Shmulenson), que um homem lhe ajudou com a carroça e, vejam a coincidência, esse homem conhecia a Dora. Mas a mulher teme que o “bom homem” que ajudou o marido seja, na verdade, um espírito do mal. Depois deste conto introdutório, a câmera mergulha na realidade de Danny (Aaron Wolff), um jovem que prefere escutar música durante as aulas, fumar maconha e, principalmente, a câmera se intromete na série de desastres que irão acertar o pai de Danny, o professor universitário Larry Gopnik (Michael Stuhlbarg). Pai de família judeu, tudo o que Larry tenta – mesmo contra todos os acontecimentos – é se manter um homem sério.

VOLTANDO À CRÍTICA (SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes do filme, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu ao filme A Serious Man): Inicialmente, A Serious Man parece uma daquelas produções que castigam o seu protagonista até o final. Tudo parece ficar cada vez pior para o pobre Larry Gopnik. Ainda que o novo filme dos Coen possa ser lido de muitas maneiras, inclusive como uma “comédia de erros”, esta história é mais profunda e inteligente do que pode parecer em um primeiro momento.

Para começar, os Coen fazem uma reflexão surpreendente sobre a capacidade das religiões em dar conforto e “apaziguar” ânimos. Também em dar “sentido na vida” de muita gente. Achei especialmente curiosa a forma com que os diferentes rabinos procuram consolar o inconsolável protagonista. Tentando ser um “bom cordeiro”, ele se sente perdido quando tudo em que acreditava parece desmoronar. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Para começar, seu casamento acaba “da noite para o dia”. Depois, ele tem a própria honestidade colocada em cheque em um intricado plano de suborno de um aluno imigrante que não sabe se expressar bem em inglês, o universitário Clive Park (David Kang). Para completar o quadro, ele questiona se deve ceder às tentações para ajudar o complicado Arthur (Richard Kind).

Todos os gestos de bondade de Larry, em resumo, parecem fadados a serem contestados, corrompidos. (SPOILER – não leia… bem você já sabe). No final das contas, ele é um sério candidato a ser o vilão do casamento que deu errado. Na universidade, sua tão desejada promoção periga não sair do papel. Enfim, Larry pode estar enfrentando um “inferno astral”, como muitos chamam os momentos da vida em que tudo parece estar dando errado. O que um “homem sério” faz nestas situações? Busca respostas em sua fé. Mas, como lá pelas tantas o rabino Nachtner (George Wyner) parece deixar claro, no fundo não existem respostas, apenas perguntas. Ou, se existem respostas, elas são irrelevantes.

Porque, como Nachtner bem sentencia, “Não podemos saber tudo”. Mas temos essa idéia de tentar achar lógica por todos os lados, nas coisas mais curiosas como constelações no céu ou borras de café. E tão genial quanto a afirmação do rabino é a resposta de Larry: “Parece que você não sabe de nada!” E quem disse que os líderes, sejam eles religiosos, políticos ou do grupo que for, realmente sabem de algo? Nós acreditamos, no fundo, naquilo que realmente queremos. Para o bem, ou para o mal. Mas os diálogos entre Larry e Nachtner são o que há de melhor em A Serious Man.

O roteiro é dos mais inteligentes que assisti nos últimos tempos. Ele lembra os Coen em suas melhores comédias, além de ter algumas pitadas de diálogos nonsense, caóticos e hilários típicos de Quentin Tarantino. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Francamente, algumas vezes, o comportamento “manso” do protagonista chega a “dar nervoso”. Não sei vocês, mas eu esperava que ele estourasse a qualquer momento. No lugar disso – e Freud explica -, Larry tinha sonhos desconcertantes, nos quais ele era enfrentado por Sy ou virava alvo do vizinho estranho e caçador. Além de questionar o “sentido da vida”, a preocupação constante em acharmos respostas para tudo, e a importância da família e da religião, A Serious Man debate a própria leitura da sociedade do “homem sério”, daquele indivíduo que é respeitado e deve ter seus passos seguidos.

Para ironia extrema desta história, o homem que é considerado sério – e é homenageado como tal, lá pelas tantas – é Sy Ableman (Fred Melamed). (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). O mesmo homem que trai o seu amigo, Larry, e acaba com o seu casamento com a autoritária e egoísta Judith (Sari Lennick). Aliás, o egoísmo reina entre os personagens de A Serious Man. Ninguém parece ser capaz de se importar ou realmente se relacionar com o próximo. Dos filhos de Larry e Judith, Danny e Sarah (Jessica McManus) até os estudantes, professores, religiosos. Todos parecem estar preocupados, essencialmente, com seus próprios umbigos. Uma sociedade “correta” na embalagem, nos gestos, nas formas, mas nem perto disto no conteúdo. Mas todos ali são “homens e mulheres sérios”. 😉 Olé para os Coen!

NOTA: 9,7.

OBS DE PÉ DE PÁGINA: Quando bem escritos, roteiros cheios de histórias paralelas e um tanto “nonsense” são bem interessantes. Este é o caso de A Serious Man. Os irmãos Coen atiram para várias direções e acertam quase todos os alvos. Ainda que o roteiro e a direção deles sejam precisos e eficientes, me incomodou certa desacelerada de ritmo no filme em certos momentos. Achei um pouco cansativos diálogos extensos e que não levavam a parte alguma, como aqueles de Larry e Arlen Finkle (Ari Hoptman), chefe da Comissão de Posse da universidade, por exemplo.

Simplesmente genial aquele conto inicial de A Serious Man. A história protagonizada por Velvel e Dora não tem relação direta com o restante do filme, mas nem por isso deixa de ser muito ilustrativa. (SPOILER – não leia se você ainda não assistiu A Serious Man). Estão em jogo ali conceitos como fé, crendices, generosidade, família, boatos, bondade e maldade. Idéias estas que, muito tempo depois, seriam colocadas à prova, mais uma vez, pela história de Larry Gopnik. No meio do filme também há “contos” paralelos que, algumas vezes, fazem o espectador perguntar “mas o que é isso?”. Este é o estilo dos Coen, que não perdem a oportunidade para explorar histórias paralelas saborosas e que, de quebra, fazem um painel do estilo de vida de várias pessoas nos Estados Unidos – e em outros países.

Mesmo não sendo a questão central do filme, é inevitável não refletir sobre a “crítica” que os Coen fazem dos judeus que vivem praticamente em um gueto nos Estados Unidos. Depois de se libertarem dos guetos em que muitos de seu povo foram obrigados a viver durante a Segunda Guerra Mundial, eles parecem insistir em se isolar voluntariamente. Pelo menos é isso que o filme dos Coen sugere, ao mostrar os alunos estudando em um colégio judeu, utilizando ônibus exclusivos para judeus, entre outras formas de se relacionar que excluem de suas intimidades pessoas que não sejam judias. Claro que este tipo de isolamento não é exclusivo dos judeus. Há pessoas que vivem em guetos por muitas razões – por serem imigrantes em um país no qual elas não se adaptam como deveriam, por serem homossexuais e se sentirem pouco incluídas entre os demais, e um vasto etcétera.

Merece uma menção à parte a relação de Larry com os vizinhos Sr. Brandt (Peter Breitmayer) e seu filho Mitch (Brent Braunschweig). (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Questões como aquela, da divisa correta entre os terrenos e o limite em que um ou outro poderia “roçar o gramado” são as típicas razões de desentendimentos entre vizinhos. Um dos momentos mais engraçados do filme é quando pai e filho chegam de uma caçada e Larry tenta questionar o limite entre as propriedades. Hilário! Fica no ar também uma possível posição antisemita dos vizinhos de Larry – ainda que, pelo comportamento rude dos Brandt fica difícil saber se eles são assim naturalmente ou apenas contra os vizinhos judeus. O protagonista também fica completamente sem ação nas várias tentativas de Sy e Judith em convencê-lo a não ter opiniões próprias sobre o fim de seu casamento e a nova união entre eles.

Por tudo isso, Michael Stuhlbarg realmente dá um show no papel de Larry Gopnik. Suas reações contidas ou desesperadas são perfeitas no contexto de seu personagem. Um trabalho complexo e muito acertado. Ainda assim, é importante comentar que todos os demais atores trabalham muito bem, com um certo destaque para o irmão de Larry, o marginalizado (por ser doente e, ao mesmo tempo, ter um QI aparentemente acima da média) Arthur vivido pelo veterano Richard Kind e para o garoto Aaron Wolff que interpreta a Danny. Vale citar ainda o trabalho de Michael Tezla como o Dr. Sussman, protagonista de um conto emblemático durante o filme; Simon Helberg, mais conhecido por seu trabalho na série cult nerd The Big Bang Theory como o rabino Scott; e Adam Arkin como o advogado de divórcio de Larry.

Outros momentos impagáveis de A Serios Man envolvem o “bar mitzvah” de Danny e seu encontro com o mais sábio dos rabinos, o figuraça Marshak (Alan Mandell). Simplesmente impagável a citação de Jefferson (antes eu havia escrito Jackson, sabe-se lá de onde tirei essa idéia!) Airplane. Sem contar o final, que é genial e que deixará muitas pessoas desconcertadas tentando encontrar respostas… 😉

Curioso como este filme teve um custo relativamente baixo – especialmente para os padrões de Hollywood. A Serious Man teria custado US$ 7 milhões e arrecadado, até o dia 27 de dezembro, apenas nos Estados Unidos, pouco mais de US$ 9 milhões. Mesmo já dando lucro, esta não é ainda a bilheteria que dois ganhadores do Oscar, como são os irmãos Coen, mereciam ostentar. Mas como este é um “projeto menor” da dupla, até que ele não está se saindo tão mal.

A carreira de A Serious Man começou no Festival de Toronto em setembro de 2009. Depois daquele evento, o filme participou ainda de outros sete festivais, incluindo os de Roma, Londres, Viena, Mar del Plata e Estocolmo. Até o momento esta produção recebeu sete prêmios e foi indicada a outros 26. Entre os que levou para casa estão os de melhor roteiro entregue pelo National Board of Review e pela associação de críticos de Boston; o de melhor ator para Michael Stuhlbarg no Satellite Awards; e o de melhor direção de fotografia entregue pelo Círculo de Críticos de Cinema de San Francisco.

Uma curiosidade sobre o filme: ele não deixa claro o ano exato em que a história se desenvolve. Isso porque o rabino Scott tem em seu escritório um calendário de 1967, mas duas seleções da gravadora Columbia House (mais precisamente Abraxas de Santana e Cosmo’s Factory do Creedence Clearwater Revival) foram lançadas em 1970. Então é impossível afirmar, ao certo, quando A Serious Man se passa.

Outra curiosidade sobre o filme (essa com SPOILERS): em A Serious Man os irmãos Coen utilizam o velho recurso de inserir referências no roteiro, mas desta vez elas são bíblicas. Segundo o site IMDb, Larry é um personagem ao estilo de Jó, que aparece na Bíblica como um homem “íntegro, reto, que temia a Deus e fugia do mal”. Segundo o site IMDb, como acontece com Jó, Larry é um “homem bom a quem muitas coisas ruins acontecem sem nenhuma explicação”. A sequência em que Larry olha para a esposa do vizinho sobre uma cerca, quando ele está sobre o telhado de casa, remete a visão que o Rei David teve de Bathsheba. Quando Danny vê a aproximação de um tornado, a referência seria a ocasião em que Deus fala a Jó sobre a chegada de um redemoinho, quando Ele afirma que não dará nenhuma explicação para as coisas ruins que estão acontecendo com Jó. Bastante curioso. 🙂

A Serious Man agradou ao público e, especialmente, à crítica. Os usuários do site IMDb deram a nota 7,6 para a produção, enquanto que os críticos que tem textos linkados no Rotten Tomatoes dedicaram 153 críticas positivas e apenas 23 negativas para o filme, o que lhe garante uma aprovação de 87%.

A crítica Ann Hornaday, do The Washington Post, escreveu neste texto que A Serious Man é o filme mais “explicitamente autobiográfico” dos irmãos Coen e que pode ser encarado, por seus discípulos, como uma “destilação dos temas, preocupações e falhas que têm animado os melhores e os piores filmes de suas carreiras”. Para Hornaday, A Serious Man não chega a ter a qualidade de Fargo, mas se situaria entre esta obra-prima dos cineastas e Miller’s Crossing. A crítica ressalta que os cineastas voltaram para o subúrbio de Minneapolis onde cresceram para contar esta história de um professor de física que vê a sua vida de classe média se dissolver à sua frente.

Hornaday vê em A Serious Man uma homenagem carinhosa dos cineastas às suas raízes judaicas, sem descuidar do “humor sombrio” que os caracteriza. Ela ainda aponta como uma das deficiências do filme algumas risadas baratas que os cineastas costumam inserir em suas produções. Ainda assim, Hornaday considera este um dos melhores filmes dos Coen. A crítica ainda ressalta como os estudiosos dos cineastas terão, com o final de A Serious Man, material para “séculos” de análises e que os espectadores que buscam apoio ou consolo neste filme vão encontrar, na verdade, um “exemplo supremo da ética” destes cineastas mantida durante os últimos 25 anos: “Tanto quanto os Coen são capazes de dar, eles são capazes de tirar”. 😉

A crítica Carrie Rickey, do The Philadelphia Inquirer, por sua vez, destacou neste texto que A Serious Man é uma versão do Livro de Jó, da Bíblia, sob a ótica dos Coen. Ela considerou a comédia dos cineastas “inquietante, obscura e surrealista”, e considera que este novo filme segue a tradição de outras histórias centradas em um protagonista que é constantemente testado por uma figura satânica. Na opinião de Rickey, tanto para o protagonista de A Serious Man quanto para o público esta produção é um mistério. Segundo a crítica, não é fácil entender o que os Coen querem nos dizer e, ao mesmo tempo em que eles nos pedem para “abraçar o mistério”, eles não resistem em puxar o tapete sob os pés de seu público.

Christopher Orr, do The New Republic, também ressalta o tom autobiográfico de A Serious Man, comentando como eles retrataram uma comunidade judaica tão uniforme que os “goyim” que aparecem na história acabam se mostrando perigosamente exóticos – como o vizinho caçador. Achei interessante quando Orr comenta que o filme lembra o trabalho de Woody Allen ao revelar este contraste cultural – ainda que ele não escape do filtro escuro que caracteriza o trabalho dos Coen. O crítico considera o filme “muito engraçado”, especialmente quando a história explora os rituais da classe média suburbana judaica prestes a desmoronar.

“Há momentos de verdadeira ternura também. Mas o humor e a empatia tem problemas em florescer no solo de narrativa sombria dos Coen (…). Como Ethan explicou em uma entrevista, ‘Para nós, a diversão foi inventando novas formas de tormento para Larry’. Com o tempo, contudo, a diversão fica só para eles. O jogo acaba ficando evidente demais e, mesmo para toda a arte dos Coen, o acúmulo de insultos se torna mortal”, comentou Orr. Para o crítico, A Serios Man se soma aos dois filmes anteriores dos Coen em uma nova fase dos cineastas, uma etapa em suas carreiras mais sombria e impiedosa. Ainda assim, Orr considera este filme, se visto separadamente, como uma produção frustrante, onde caberia, para os diretores, a mesma pergunta que o protagonista faz para um dos rabinos em certo momento, quando ele não entende porque as perguntas são feitas se não existem respostas para elas.

O crítico Joe Morgenstern, do The Wall Stree Journal, questionou neste texto, como outros de seus colegas, sobre quais seriam as intenções dos irmãos Coen com esta história sombria. Para ele, o protagonista de A Serious Man é testado, a todo momento, e incentivado a sucumbir a erros graves aos “olhos de Deus”. Morgenstern ressalta o “prefácio maravilhosamente estranho” que aborda a dificuldade que as pessoas devem ter em saber o que fazer quando se encontram com o mal. “Tudo isso é misterioso, provocante e, ocasionalmente, muito engraçado. (…) Mas o mistério que me levou a fazer a pergunta anterior (sobre as intenções dos Coen) aparece como o tom dominante do filme”, comenta o crítico.

Ele ressalta ainda que os Coen continuam criando personagens que parecem caricaturas de histórias em quadrinhos mas que, em A Serious Man, eles não apresentam algum rasgo de humanidade que possa redimí-los. “Será que estamos destinados a abominar estas pessoas também, ou será que os realizadores são vítimas de sua técnica habitual?”, questiona Morgenstern, acrescentando que se é o caso da segunda hipótese, este foi um erro de cálculo dos Coen.

Por fim, cito este texto do crítico Kenneth Turan do Los Angeles Times. Ele comenta que A Serious Man é o filme mais pessoal dos Coen, a sua produção mais intensamente judaica, “uma perfeitamente graduada comédia de desespero que, contra algumas probabilidades, acaba sendo uma de suas mais universais também”. Para mim, Turan foi dos poucos que realmente captou o sentido da história “trágica” de Larry Gopnik. “Quanto mais real a dor (do protagonista) se torna, mais, de uma forma essencialmente judaica, o riso se torna a nossa única opção séria”, define o crítico.

Para mim, eis uma das mensagens do filme: existem tragédias na vida? Problemas, provações, percalços, como vocês quiserem chamar? Pois sim. Muitos. E o que faremos a respeito? Pois algumas vezes a melhor forma de lidar com isso é dando risada da própria desgraça. Se levarmos a vida a sério demais, simplesmente vamos ficar doentes (essa seria uma das ironias do filme?) e aturdidos sem respostas convincentes. A vida deveria ser levada com mais leveza, ainda que ela se apresente de forma tão dura tantas vezes. Talvez aí esteja a mensagem dos Coen – entre outras.

Gostei também quando Turan revela o quanto a história muito particular de Gopnik pode ser sentida na pele por um universo de pessoas. Afinal, quem nunca, como o protagonista de A Serious Man, não se lamentou por “apenas” tentar ser uma pessoa séria, tentar fazer o certo e, mesmo assim, tudo parecer ir contra você? Na dor, como alguém já disse antes, todos somos iguais. E a eterna busca de respostas tentam nos confortar, mas a verdade é que somos incapazes, devido ao nosso tamanho diminuto, em enxergar todo o quadro e ter uma visão completa de tudo que acontece. Por isso mesmo a reflexão da falta de respostas do filme. Para mim, mais do que uma crítica a religião ou a Deus, A Serious Man nos coloca no nosso devido lugar. Mostra que não adianta dominarmos a ciência, o conhecimento ou acharmos que estamos mais “conectados” ou “informados” do que nunca. No fim das contas, ainda sabemos pouco – ou nada – se comparados ao “Deus que tudo sabe, tudo vê”.

Outra leitura para A Serious Man é que nem tudo, meus caros, é um “desígnio de Deus”. Ou seja: quando Larry se pergunta o que tudo aquilo quer dizer, procurando saber o que Deus quer que ele aprenda com tantos problemas, talvez a melhor resposta seja que Deus tem pouco a ver com tudo aquilo. São as pessoas que o cercavam as responsáveis por tornar a sua vida um inferno. Pensando apenas nelas próprias e tentando extrair dele mais do que seria razoável, são elas a fonte e a resposta para suas perguntas. Nem sempre Deus tem a ver com tudo o que fazemos – afinal, não temos o chamado livre arbítrio? Se tudo fosse um desígnio divino, seríamos pouco mais que fantoches. Enfim, nestes dois parágrafos citei apenas algumas de várias leituras e questionamentos de A Serious Man. Um filme brilhante por sua forma de nos tirar da inércia, por fazer rir ao mesmo tempo que lança muitas perguntas no ar. São poucos os que conseguem tudo isso de forma “tão simples” quanto os Coen.

Uma curiosidade: A Serious Man é uma co-produção dos Estados Unidos, do Reino Unido e da França.

Para os que gostam de acompanhar o trabalho técnico dos grandes filmes, essas pessoas “menos evidentes” que são fundamentais para que as histórias sejam contadas com qualidade, vale citar o trabalho em A Serious Man de Carter Burwell na trilha sonora; de Roger Deakins na direção de fotografia; a edição dos irmãos Coen, que assinam há tempos como Roderick Jaynes; o design de produção de Jess Gonchor; e a direção de arte de Deborah Jensen. Todos habituados a trabalhar com os roteiristas e diretores há vários anos.

CONCLUSÃO: Um dos filmes mais “endiabrados” da filmografia recente dos irmãos Ethan e Joel Coen. Deixando para trás a seriedade de produções como Burn After Reading e No Country for Old Men, a dupla de cineastas mergulha em uma história que ironiza o “sentido da vida”, o papel da religião e da família na sociedade atual. Focando um núcleo de judeus, A Serios Man pode cair no ataque fácil de pessoas desta etnia e religião que talvez se sintam ofendidas com a ironia dos Coen. Mas é importante dizer que eles utilizaram a sua própria biografia para escrever esta história. Outros grupos, especialmente os que levam muito a sério as suas religiões, também podem ficar incomodados com o filme. Mas por favor, não se levem tão a sério. Nem as suas crenças. Espero que A Serious Man seja visto como um filme instigante e que brinca com valores, mas sem a intenção de ofender ninguém. Bem dirigido, com um roteiro excelente e atores muito eficazes em seus papéis, A Serios Man é uma das boas surpresas da lista dos 10 indicados a melhor filme no Oscar deste ano. Com humor inteligente e vários níveis de reflexão, ele coleciona histórias curiosas e inusitadas. Algumas vezes, gasta tempo demais em “causos” paralelos menos interessantes, mas nem por isso perde a sua capacidade de surpreender. E siga a dica deixada pelos cineastas: não encontre explicações em cada linha do filme. Nem sempre elas existem.

PALPITE PARA O OSCAR 2010: A Serious Man foi indicado em duas categorias na premiação anual da Academia. Ele concorre a Melhor Filme e a Melhor Roteiro Original. Uma pena Michael Stuhlbarg não ter conseguido uma vaga entre os concorrentes a Melhor Ator. Agora, mesmo tendo vários toques de genialidade e sendo um filme muito interessante, A Serious Man deve sair do Oscar 2010 de mãos vazias. Como Melhor Filme ele não tem chances. Certamente ele não tem força suficiente para desbancar Avatar ou The Hurt Locker. Como Melhor Roteiro Original ele tem um pouco mais de chances mas, ainda assim, dificilmente vai ganhar dos fortes concorrentes The Hurt Locker e Inglourious Basterds – para não citar Up. De qualquer forma, se fosse para citar em qual das duas categorias ele pode surpreender, seria na segunda, de roteiro. Mas, honestamente, ele não deve ganhar nada.

Por Alessandra

Jornalista com doutorado pelo curso de Comunicación, Cambio Social y Desarrollo da Universidad Complutense de Madrid, sou uma apaixonada pelo cinema e "série maníaca". Em outras palavras, uma cinéfila inveterada e uma consumidora de séries voraz - quando o tempo me permite, é claro.

Também tenho Twitter, conta no Facebook, Polldaddy, YouTube, entre outros sites e recursos online. Tenho mais de 25 anos de experiência como jornalista. Trabalhei também com inbound marketing, professora universitária (cursos de graduação e pós-graduação) e, atualmente, atuo como empreendedora após criar a minha própria empresa na área da comunicação.

30 respostas em “A Serious Man – Um Homem Sério”

Olá Larissa!!

Antes de mais nada, seja bem-vinda por aqui! Te agradeço por tua visita e por teu comentário, esperando que ambos se repitam muitas vezes ainda.

Fico feliz que tenhas gostado da crítica. E mais ainda que coincidimos na leitura do filme. 😉

Os irmãos Coen são, realmente, duas figuraças. Merecem sempre ser vistos com atenção e tendo em mente que há muitas informações nas entrelinhas.

Um abraço e volte sempre!

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Olá LELLA!!

Então, eu não tinha assistido ao trailer do filme antes de postá-lo como complemento aqui no blog. Achei ele realmente porreta. hehehehehehehe

Mas não se engane. O filme não tem a violência que o trailer pode sugerir. Ele é muito mais sutil e inteligente.

Depois apareça por aqui para falar o que achaste do filme.

Um abraço!

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Olá Claudio!!

Antes de mais nada, seja bem-vindo!

Fico feliz que tenhas gostado do texto. Agora, fiquei na dúvida: não gostaste muito de A Serious Man? É que comentaste que minha crítica foi uma segunda opinião, e como eu gostei da produção…

Obrigada por tua visita e por teu comentário. Volte mais vezes!

Um abraço!

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Na verdade gostei muito do filme. E como tenho uma tendência a gostar do que os Cohen fazem, é bom ver uma segunda opinião. Não só por isso, claro. Cinema, música, arte (…) dão múltiplas visões da mesma obra. Então nada como uma boa crítica pós-filme para não deixar passar nada despercebido, ainda mais um filme dos Cohen que tendem a nos deixar pensando enquanto sobem os letreiros.

A sua crítica (e não só esta como andei vendo no blog) foi muito bem feita e bem completa.

Novamente: parabéns!

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Jefferson Ariplane! Jackson agora só se for o Jackson four!
O filme está esplendido, mas só para quem percebe de cinema.
Para quem pouco sabe ou não tem génio, vai perder tempo, e descobrir
que não foi feito para assistir filmes dessa magnitude.

When the truth is found to be lies
And all the joy within you dies.

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oi alessandra
você nao deve lembrar de mim, mas na temporada de oscar do ano passado eu vinha frequentemente
visitar seu blog, até porque, em nenhuma outra epoca do ano eu me animo a ver filme atras de filme
pois entao, eu chamava de você de menina-do-meu-blog-preferido e pra minha sorte, você ainda continua
igual :DD sobre o filme, eu nao entendi a ‘mensagem’ dele nao, quase dormi inclusive, mas enfim
tenho certeza que nao levara melhor roteiro original-tem q ser do tarantino- e menos ainda melhor filme-torcendo pra precious-. bjs bjs menine 🙂

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Oi Alessandra,

Eu acabei de ver o filme… Quase morro de desgosto de tanta tortura! Tirando a estória introdutória, acredito que toda a estória poderia ser infinitamente melhor. Pois, além de parado (moroso até) o filme dá exatamente aquela resposta que todos sabemos… Ou melhor, não dá resposta alguma!

Sem contar o fato que eu esperava já pela metade que o filme terminaria de forma absurda. É frustrante.

A vida já é frustrante. Porque se dedicar a fazer um filme que mistura a tortura de Jó com a nossa tortura atual em meio a tanta informação? Afinal, temos informação sobre praticamente tudo sobre religião. Basta pesquisar. Não somente em internet, mas nas instituições e até bibliotecas. Ainda, toda pessoa informada, que já estudou muito sobre religião, compreende a mensagem que os irmãos Coen, talvez, desejem passar. Mas, o filme, para mim, não passa de uma perda de tempo.

Claro que, pessando em todas as pessoas que não estudaram religião (no mínimo as maiores), por preguiça, desinteresse ou falta de possibilidade, esse filme vale bastante como um informativo sobre o sentido da vida. Não existe um sentido compreensível.

Mas, no final, eu ficaria com o filme “O sentido da vida”. Ao menos o humor negro dos ingleses me faz rir e não me deixa tenso como “A Serious Man”.

Finalizando. Tecnicamente, é um bom filme. Mas, eu não recomendaria.

Abraços,
Louzada

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Filme esplêndido!

Adorei sua crítica!
Para acrescentar, interpretei o final do filme da seguinte forma:

O personagem principal e seu filho, ambos com diversos problemas para enfrentar, tomam a vida muito a sério, o que torna a vida deles sofrida ao invés de prazerosa. O fim do filme, mostra o momento em que ambos os personagens achavam que haviam resolvido seus MAIORES problemas. O do pai, que era decidir pela mudança da nota do aluno ou não, e a do filho, que era pagar os 20 dólares ao colega. Simultaneamente, eles perceberam que aquilo não era um problema de verdade, já que agora o pai estava com alguma doença grave e o filho tinha que enfrentar um ciclone.

Quantas vezes nós não reclamamos dos problemas da vida e somente quando damos de cara com a morte é que vemos como os problemas são pequenos. Percebemos então que não estamos aproveitando a vida como deveríamos. Que podemos morrer a QUALQUER instante e que problemas são apenas passageiros. Nós é que determinamos a dimensão deles.

Aqui cabe uma citação de um texto do Osho, é um pouco longo mas vale a pena a leitura.

A VIDA É COMO UM FILME

Se você está infeliz, você tomou a vida muito seriamente.
E não tente achar algum jeito de como ser feliz.
Apenas mude a sua atitude.
Você não pode ser feliz com uma mente séria.
Com uma mente festiva, você pode ser feliz.

Tome toda esta vida como um mito, como uma história.
Ela é uma história, mas uma vez que você a toma dessa maneira, você não será infeliz.
A infelicidade vem da extrema seriedade.

Tente por sete dias lembrar somente de uma coisa, que o mundo todo é apenas uma peça dramática – e você não será o mesmo novamente.
Apenas por sete dias!
Você não irá perder muito porque não tem nada para perder.

Você pode experimentar.
Por sete dias tome todas as coisas como uma peça dramática, apenas como um filme.
Estes sete dias lhe darão muitos vislumbres de sua natureza búdica, de sua pureza interior.
E uma vez que você tenha tido um vislumbre você não poderá ser o mesmo novamente.
Você será feliz e você nem pode imaginar que tipo de felicidade pode lhe acontecer, porque você não conheceu nenhuma felicidade.
Você conheceu somente graus de infelicidade: algumas vezes você era mais infeliz, algumas vezes menos infeliz e quando você era menos infeliz você chamava isso de felicidade.

Você não sabe o que é a felicidade porque você não pôde conhecê-la.
Quando você tem um conceito do mundo no qual você o toma muito seriamente, você não pode conhecer o que a felicidade é.
A felicidade acontece somente quando você está enraizado nesta atitude: que o mundo é apenas uma brincadeira, um jogo.

Assim tente isso, e faça todas as coisas de uma maneira festiva, celebrando, participando de uma “encenação” – não de uma coisa real.

Se você é um marido, brinque, seja um marido brincalhão…
Se você é uma esposa, seja uma esposa brincalhona.

Faça disso apenas uma brincadeira.
E existem regras, naturalmente; qualquer jogo para ser jogado precisa de regras.

Casamento é uma regra e divórcio é uma regra, mas não seja sério em relação a elas.
Elas são regras e uma regra causa outra.

O divórcio é ruim porque o casamento é ruim…
Uma regra causa outra!
Mas não as leve seriamente e então olhe como a qualidade de sua vida muda imediatamente.

Vá para sua casa esta noite e se comporte com sua esposa ou marido ou seus filhos como se você estivesse fazendo parte de um drama e veja a beleza disso.

Se você estiver representando um papel você tentará ser eficiente mas você não ficará perturbado.
Não existe necessidade.
Você representará o papel e irá dormir.

Mas lembre-se: isso é uma representação.
E por sete dias continuamente siga esta atitude.
Então a felicidade pode acontecer para você e uma vez que você saiba o que a felicidade é, você não necessita se mover para a infelicidade, porque é uma escolha sua.

Você é infeliz porque você escolheu uma atitude errada com relação à vida.
Você pode ser feliz se você escolher uma atitude certa.

Buda enfatiza muito a atitude certa.
Ele faz disto uma base, um fundamento – a atitude certa.

O que é atitude certa?
Qual é o critério?

Para mim este é o critério: a atitude que o faz feliz é a atitude certa e não existe nenhum critério objetivo.

A atitude que o faz infeliz e miserável é a atitude errada.

O critério é subjetivo; sua felicidade é o critério.

Osho The Book of the Secrets

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Olá Roger!!

Nossa, certíssimo você! Não sei de que cartola eu tirei Jackson… putz! Muito obrigada por tua correção. Erro besta o meu.

Agora, eu não seria tão radical quanto você… dizer que alguém que não gostar de A Serious Man não entende de cinema é um pouco exagerado. Nunca gosto deste tipo de argumentação, porque parece coisa de ditador. Você TEM que gostar de determinada obra, de determinado filme, do contrário cortamos as suas mãos. hehehehehehe

Mas sério, também gostei muito de A Serious Man. Mas respeito as pessoas que, por acaso, não gostarem. Cada um com suas leituras de mundo, de realidade e da arte. Melhor assim, esteja certo. Seria péssimo todos nós gostando das mesmas coisas.

No mais, obrigadíssimo por tua visita, por teu comentário e por tua correção. Apareça mais vezes!

Um abraço.

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Olá Claudio!!

Pois somos dois… eu também gostei muito do filme. 😉

E por mais que eu tenha uma tendência, como você, de gostar do que os Coen fazem, estou atenta para achar alguns de seus trabalhos, eventualmente, apenas “regulares”. Mas não achei que é o caso deste. A Serious Man, para mim, é um dos grandes filmes da dupla de diretores.

Obrigada pelos comentários elogiosos ao meu trabalho. Fico feliz que tenhas gostado.

Um grande abraço e volte mais vezes. Tuas opiniões sempre serão muito bem-vindas! Inté.

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Olá cleber!!

Ô menino sumido!! Quer dizer que me visitas somente na época do Oscar, hein? Muy mal! hehehehe

Mas te entendo. Eu também dou uma “acelerada” no acompanhamento do cinemão de Hollywood (e de outros lugares) quando o Oscar está próximo. Aquela história de data para o evento acontecer nos coloca prazos, não é mesmo? Isso também é bacana.

Agora, interessante que você quase dormiu no filme… mesmo com tanta tragédia acontecendo? Puxa. hehehehehehe. Tu deve ser bom para pegar no sono. Será que não estavas muito cansado no dia que foste no cinema? 😉

Bem, eu gostei de A Serious Man, como podes ter observado pela crítica acima. Mas também acho que ele não merecia o Oscar de melhor filme ou de roteiro. Fiquei feliz com quem foi premiado nestas categorias. 🙂

Agora, vê se dá uma passadinha por aqui em outras épocas também, não apenas na véspera do Oscar, viu? Beijos, beijos!

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Olá Eduardo!!

Opa, primeira vez que discordamos radicalmente. hehehehehehe. Mas isso, inevitavelmente, algum dia vai acontecer com todos, sem problemas.

Olha, bem diferente de ti, não achei A Serious Man um filme sem sentido ou sem respostas. Muito pelo contrário. Ele tem muitos questionamentos e nos provoca a chegar a várias respostas. Mas, claro está, este não é um filme óbvio.

Curioso como podemos ter leituras tão diferentes sobre uma mesma obra, não é mesmo? Porque para mim ele não foi torturante e nem achei o final absurdo. Na verdade, achei o final muito inteligente, bem ao estilo dos diretores.

Sob a ótica de que a vida é frustrante e que nenhum filme deveria tratar disto, teríamos apenas filmes de fantasia e/ou com histórias edificantes e “felizes”? Acho que não é por aí. Até porque justamente por lidarmos com a frustração e episódios tristes na vida, deveríamos refletir e tirar sentido disso tudo, não é mesmo? Ignorar os fatos não faz com que eles desapareçam.

Acho que mesmo as pessoas que leram bastante sobre religiões não, necessariamente, pararam para refletir e tirar conclusões próprias sobre tudo que estudaram e/ou se informaram. A Serious Man joga com a história de Jó, mas também com outros preceitos da religião e da vida.

E claro que tudo depende de gostos… preferes uma comédia para tratar deste tema do “sentido da vida” – ainda que este não seja, para mim, o assunto principal do filme. Por outro lado, para muitos, talvez um filme engraçado e tenso como A Serious Man surta mais efeito. Há gosto para tudo, pois.

Mas, claro, tua opinião deve ser respeitada. Como sempre, aliás. Um grande abraço e inté!

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Olá Luis!!

Bem, antes de qualquer outro comentário, queria te dar as boas-vindas aqui no blog! Espero que tua visita e tua vontade de comentar sobre os filmes se repitam muitas vezes ainda.

Coincidimos na nossa leitura de A Serious Man. Também achei um filme excelente, interessantíssimo e nada óbvio.

Gostei muito da tua interpretação do final do filme. Bastante acertada. Realmente, faz total sentido que eles viviam um momento em que tinham resolvido os seus “maiores problemas”, sem perceber, contudo, que eles eram os problemas “menores”.

Adorei também o texto do Osho – que cai como uma luva no que tinhas comentado. Super bacana. E sim, as pessoas que levam a vida e os problemas à sério demais acabam consumindo seu tempo em questões de menor importância. Acabam, resumindo, por não viver.

Bacana. Muito bacana o teu comentário. Obrigada por ele.

Um grande abraço e volte sempre!

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Na minha opinião este filme são mesmo cerca de 2 horas de puro castigo para quem tem que assistir… tirando aquele conto inicial, que aparece ali meio descabido de todo o resto do filme e só com muito boa vontade ganha alguma coerência quando visto como um todo com o restante filme, e que me parece que pode ter várias leituras… desde a importância do preconceito nas nossas vidas,passando pela incapacidade da maioria do comum dos mortais para não criar problemas.
Não existe ritmo, não existe uma sequência lógica apenas uma série de “desgraças” que caem em cima de alguém que ao invés de reagir, tenta consolo na religião, o que obviamente não resolve nada (que grande novidade)… safa-se, talvez, só mesmo a última cena, que demonstra o quão pequeninos somos e como aquilo que nos preocupa deve ser relativizado… mas tanto tempo de tédio assistindo a este filme para uma conclusão que já sabemos de antemão? (sabemos da nossa vida de todos os dias, é claro) será que vale a pena? eu penso que não. Numa escala de 1 a 5 eu votaria no 2.

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Gente a luz se fez. A explicação do final está na frase que abre o filme. “Enfrente as coisas que acontecem com vc de maneira simples”. O que explica exatamente o que o Luis falou. Sim, td pode ficar pior. Os problemas sao passageiros. E a gente deve vive-los de maneira simples.

Ainda assim, nao gostei do filme…

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Oi juliana!!

Bem-vinda por aqui!

Não gostaste do final? Eu achei ele divertidíssimo… uma espécie de “cereja do bolo” naquela coletânea de desastres e acontecimentos trágicos. Ironia dos diretores/roteiristas.

A vida deve ser vivida com simplicidade. Valorizando as pequenas coisas – as boas – e sabendo lidar com os problemas pequenos antes que eles se tornem grandes. E mesmo que eles se tornem enormes, ter paciência para olhar tudo como deve ser visto e procurar a melhor solução.

Pena que não gostaste do filme… melhor sorte com os próximos, pois. 😉

Obrigada por tua visita e teu comentário. Espero que voltes por aqui mais vezes.

Abraços!

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Oi Alessanda!

Assisti o filme ontem, e achei excelente!!
Gostei muito de ler a crítica pois me fez enxergar várias coisas que não havia percebido.
Achei alguns comentários escritos acima também bastante interessantes.
Agora, discordamos ema apenas um ponto:
Você achou cansativos os diálogos de Larry e o chefe da Comissão de Posse da universidade. Eu os achei muito engraçados! Mas deve ser coisa minha, pq percebi que nesses momentos estava rindo sozinho no cinema. rs

Mas, mais uma vez, sua crítica está de parabéns!

Abraço

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Oi André!

Primeiramente, seja bem-vindo neste espaço! Espero que esta tua visita se repita muitas vezes, inclusive para comentar sobre outros filmes.

Muito bom A Serious Man, verdade? Também gostei muito.

Olha, possivelmente se eu o assistisse novamente, acharia os diálogos que comentas engraçados… talvez a sutileza do humor destas sequências tenha passada um pouco batida por mim. hehehehe

Obrigada por teu comentário tão incentivador. E nos falamos mais vezes por aqui, verdade?

Abraços!

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Quando o garoto danny entra na sala do rabino mais velho, existe um quadro chamado “O sacrificio de Isaac” de Caravaggio.
Se você dar uma pesquisada, vai descobrir que a historia de Isaac e Abraão tem muita relação com o que você disse na sua critica.
Até mais

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Oi Alan!

Bela observação. Eu não tinha reparado no quadro. E sim, a história de Isaac tem muito a ver com o roteiro do filme. Estás certíssimo.

Obrigada por tua contribuição, por tua visita e teu comentário.

Volte mais vezes, viu? Inclusive para falar de outros filmes. Seja bem-vindo!

Abraços.

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Olá Ana!!

Seja bem-vinda por aqui!

Pois é, uma das qualidades do cinema, seja ele qual for, é a de produzir sensações, despertar sentimentos e conclusões muito diversos entre as pessoas, não é mesmo?

Eu gostei muito deste filme, por tudo que eu comentei antes. Discordo de ti que o conto inicial “aparece meio descabido”. Acho que ele é um adendo bastante curioso para o restante da história.

Mais que um compêndio de “desgraças”, acho este filme uma interessante, divertida e bem “coheniana” reflexão sobre muitos valores e crenças do nosso tempo – ou a falta delas. Discordo que a religião não resolve nada, mas este é um tema para outras discussões – e algo que este espaço não comporta.

Cada um reage frente aos desafios e adversidades de uma forma. Eu também sou mais como você, inicialmente prefiro a ação do que a “omissão” ou, para outros, esta forma pacífica de aceitar o que acontece. O protagonista deste filme é muito terno, foge dos conflitos, e sua postura deve ser entendida e respeitada – os diferentes nos ensinam um bocado. Até por este lado o filme nos faz refletir.

Mas, claro está, cada um com suas leituras dos filmes e seus gostos. De qualquer forma, te agradeço imensamente pela visita e pelo comentário. Espero que ambos se repitam muitas vezes ainda.

Abraços grandes.

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Oi Alcione!!

Mesmo? Puxa… que pena.

Agora, fiquei pensando se você é uma pessoa de sorte, porque A Serious Man foi o pior filme que você já assistiu, tendo tantos outros filmes beeeeeem piores por aí, ou realmente assiste a poucos filmes até agora. hehehehehehe

Fora a piada, espero que a tua próxima escolha te agrade mais. Para mim, como dito antes, agradou. Gostos e percepções, ainda bem, são variados.

Obrigada por tua visita e pelo teu comentário.

Abraços e volte mais vezes!

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Olá!

Gostei muito do filme e do texto. Senti também num primeiro momento que alguns diálogos, algumas cenas, ficaram muito lentos e soaram algo dispensáveis. Mas no final das contas senti que mesmo isso faz sentido demais no todo.

Os longos diálogos que o protagonista tem com o chefe da comissão são cheios de pausas, engasgos. E a forma como isso se desenvolve no filme é ótima. Nada é dito com clareza. A emoção não tem conexão com a prática – ou a expressão da emoção. Tudo é tão frio e distante. Falta essa coerência. E isso parece estar em todos os lugares, em todos os momentos. Quando vai anunciar que quer o divórcio, a esposa de Larry diz: “Honey…”, como quem vai pedir qualquer coisa.

E o chefe da comissão pede obsessivamente que Larry não se preocupe. Cheio de reticências. Nada é transparente e tudo é embaraçoso. E definitivamente ninguém sabe de nada. Mesmo dentro de casa. As palavras que mais são ditas de pai/mãe para os filhos são: “O que está acontecendo?”. Cada um ali vive um universo rico em detalhes, no entanto, nada é compartilhado.

O estado de Larry não interessa a ninguém. Larry não tem amigos, não tem seres em pé de igualdade com ele. Suas conversas são consultas com rabinos ou advogados sobre o que fizeram a ele. Larry não é agente de sua própria história, mas é levado pela corrente cruel dos acontecimentos e das vontades alheias – “Eu não fiz nada”, uma fala recorrente dele, um fato. Afinal, o que mais vitima Larry: a retidão ou a passividade?

Interessante pensar no ano em que a história se passa. Como diz o texto, no escritório do rabino tem um calendário de 1967 [curiosamente, ano da guerra dos seis dias – e curiosamente também, no filme, a questão da “disputa” pelo território/gramado] e as gravações são de 1970: da porta do rabino para fora conta-se outro tempo.

E a história que abre o filme? “E agora, qual de nós está possuído?”. E não há respostas para ninguém. Bem, não uma só, pelo menos. 😉

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Olá K!

Puxa, que genial o teu comentário!

Por textos como o teu é que este espaço faz sentido.

Demorei muito para te responder, como podes perceber… estou conseguindo fazer isto só um ano depois. Quando publicaste, eu li teu comentário. Mas agora, ao respondê-lo, fiz isso novamente e ele pareceu novo pela segunda vez.

Muito bacana a tua análise destes pontos. Concordo contigo em todos eles. De fato há um descolamento entre o que é dito e o que deveria ser sentido. É como se todos fossem atores no “teatro da vida”, não é mesmo?

Larry é um coitado mas, como você mesmo disse, responsável também por ser “vítima” constante das circunstâncias. Afinal, ele nunca toma as rédeas do que precisa.

Fiquei feliz também que você gostou do texto.

Bacanérrimo o teu aporte por aqui. Obrigada por isso. E obrigada também pela tua visita. Espero que possamos falar mais sobre outros filmes outras vezes.

Abraços e inté!

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